Mas ela perseverou, lutou por mim e, principalmente, por ela, pois entendeu que para me ajudar, teria que estar bem. Ela já estava de obreira quando eu resolvi ir à Universal. Eu queria pagar as dívidas, mas já no início entendi que se eu buscasse a Deus, seria fácil conseguir as outras coisas. Então me concentrei nEle, coloquei toda a minha força para encontrá-Lo.
A empresa cresceu, eu estava prosperando. Mas depois de conhecer o Senhor Jesus, aquilo já não me enchia os olhos. Eu só queria levar a outras pessoas o que havia encontrado na Universal. Queria ganhar almas. Sabia que no dia em que terminasse de pagar as dívidas, Deus me chamaria. Foi dito e feito. Assim que quitei as dívidas, fui chamado para o Altar. E eu larguei tudo. Nessas horas as pessoas pensam que a gente é maluco, mas eu não me arrependo e faria tudo de novo.
Eu tinha dois filhos pequenos e saímos todos de Belém para Santa Catarina. Muitos lugares nos marcaram. Lembro de Laguna, há uns 15 anos. Era um cinema antigo, do outro lado da rua tinha uma lagoa. Quando estava frio, de manhã cedo, uma cerração gelada se levantava da lagoa e entrava na igreja. Hoje estou acostumado com o frio, pois já passei por todos os estados do Sul, mas no começo, foi um desafio.
Foi difícil, sim, mas muito bom, porque quanto mais a gente encontra dificuldade de ganhar as almas para Jesus, mais disposição temos de trabalhar, de lutar por essas almas. Quando chegamos, tinha 30 pessoas na igreja, com o passar do tempo, foi aumentando o número, as pessoas foram sendo curadas, as vidas eram transformadas.
Outro lugar marcante nesse início, em Santa Catarina, foi Tijuca. Era também um cinema, a gente morava atrás da igreja, em uma casinha que a gente mesmo pintou. Meus filhos não tinham mais do que quatro anos. A casa, humanamente falando, era simples, mas nós éramos felizes e passávamos o dia ajudando as pessoas.
A maior luta é a resistência das pessoas a aceitar a Palavra que pode libertá-las. A vontade que temos é de trazer elas para a casa de Deus e mostrar que a vida delas tem uma solução, que é Jesus, e que Ele pode mudar qualquer situação. O mal luta, pois não quer que as pessoas descubram que elas podem ser felizes. O esforço sempre foi grande nesse sentido, de levar as pessoas a entenderem que existe, sim, uma solução.
A gente ia fazer visita nas casas, às vezes era longe, estrada de chão, não tinha asfalto, nada. Casas de madeira, no meio da mata, quase nos perdemos algumas vezes, mas saíamos dali renovados por sermos usados por Deus para ajudar essas pessoas. O sacrifício sempre valeu a pena. Vi muita gente ser curada, liberta e ganhar uma vida nova.
Nessa casinha que a gente morou, apareciam muitos quatis, interessados na jabuticabeira que tinha nos fundos. Às vezes eles entravam na casa. Meu filho, Jonatha, era pequenininho e tinha muito medo deles invadirem à noite. Lembro dele, na hora de dormir, perguntando para a minha esposa: “Mamãe, o quati vai entrar no meu quarto?” E minha esposa dizendo: “Não, filho, eu já orei e Deus não vai deixar o quati entrar em casa”.
O sacrifício era da família toda, das crianças, que acabavam tendo de sacrificar conosco. Mas vimos muitas pessoas mudando de vida, e as almas sendo ganhas eram a nossa alegria e nosso salário.
Lembro de outro caso que me marcou demais. A gente ficava na porta da igreja evangelizando, chamei um motoqueiro que estava passando, dei um jornal para ele e perguntei se aceitava uma oração. Ele aceitou e entrou comigo na igreja, manifestou com um espírito e nós o libertamos. Depois, me disse: “Pastor, eu vi que Deus existe. Quando o senhor me chamou, eu estava indo me jogar do viaduto com a moto. Eu ia me matar.”
Ajudamos esse rapaz, ele se batizou, acabou sendo obreiro. Se não estivéssemos na porta evangelizando, aquele rapaz teria se matado. Depois de muito tempo, soube que ele estava firme como obreiro, ganhando almas. Isso é mais valioso do que qualquer dinheiro desse mundo! Um rapaz que ganhamos para Jesus hoje está ganhando almas!
Passamos por várias cidades, como Porto Alegre, Caxias do Sul, Recife, Laguna, Joinville, Tubarão, Tijuca, Curitiba, Chapecó, Ibituba, entre tantas outras... Meus filhos acompanharam todas as nossas mudanças e todas as dificuldades. Sacrificaram sem escolha, pois eram muito novos. Há três anos, em Porto Alegre, meu filho já era obreiro, tinha 17 anos, e o Bispo Emerson Carlos me perguntou por que ele não fazia a obra. Eu não soube responder, só disse que dependia da escolha do Jonatha. Meu filho nunca tinha me dito que gostaria de ser pastor. Mas um dia, mesmo sem eu falar nada, ele disse: “Pai, eu quero fazer a obra”. Então, em uma Fogueira Santa, eu entreguei meu filho no Altar. O sacrifício foi perfeito. Entreguei o sacrifício material; e também o espiritual, que foi meu filho no Altar, pois levamos a mala dele na igreja naquele dia de Fogueira Santa. Eu disse: “Deus, está aqui: além do meu sacrifício físico, entrego meu filho neste Altar”. Eu o criei durante apenas 17 anos, e sabia que o estava criando para Deus.
Quando eu e minha esposa voltamos para casa, ao entrar no quarto dele nos demos conta de que estava vazio para sempre. Mas aquele vazio nos trouxe uma alegria, porque sabíamos que havíamos entregado ele no Altar para fazer a obra de Deus. Claro que tinha a dor da separação, pois somos humanos, mas minha maior alegria hoje é ver meu filho fazendo o que eu faço, que é ganhar almas.
Depois de algum tempo, ele estava em uma cidadezinha da Grande Porto Alegre e ia fazer uma concentração. Era uma estrada de terra e parecia que não chegava nunca. Um lugar bem humilde. De longe eu o vi, em um campo de futebol, próximo de umas barracas do Agente da Comunidade, em cima de um carro de som. Quando olhei para ele, eu me vi. Orando pelas pessoas carentes, ajudando com alimento, fazendo trabalho social. Para mim, aquilo ali vale mais do que qualquer coisa.
Hoje ele tem 20 anos e está cuidando de igreja no Rio Grande do Sul. Minha filha é obreira e vai se casar com um pastor. É tudo que um pai de família gostaria de ter. Os filhos servindo a Deus e uma esposa de Deus, que é companheira nas horas de luta e de vitórias.
Nos envolvemos com o povo e acabamos vivendo o que o povo vive, então o que menos importa é a dificuldade que passamos. E Deus sempre nos honra. Com Ele, a gente é feliz em qualquer lugar. O apóstolo Paulo diz que o homem de Deus aprende a viver tanto na fartura quanto na necessidade. Quando você tem o Espírito Santo, nada desse mundo te enche os olhos, porque o principal você já tem.
Sem o Espírito Santo, a gente não vence nada. Com o Espírito Santo, a gente passa tudo, mas mesmo passando por lutas, as lutas não são nada. Quanto maior a dificuldade, maior a força que a gente recebe.
Pastor Marco Pinheiro Dias
Fonte: Blog do bispo Macedo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obs:Sera removido desse site qualquer tipo de cometario ofensivo que contenha,palavrões,malícia,agressividade e qualquer coisa que eu o autor achar necessario apagar.